[Feliz Aniversário, Florianópolis] por Fábio Brüggemann

Ele é pai da Luna, editor, escritor, roteirista e diretor de alguns filmes e ainda brinca com fotografias [lindas!]. Na Ilha de Nossa Senhora dos Aterros, sua coluna no Diário Catarinense, às sextas, é uma das mais lidas. Seu blogue, cheio de ilusões é uma constante crônica da vida cotidiana. Falamos de @fabiobruggemann.

Fábio Brüggemann

Cheguei na Ilha de Nossa Senhora dos Aterros em 1982, no tempo em que ainda era um sossego. Mas não posso reclamar. Saí de um lugar ainda mais tranquilo: Lages. Mas não imaginaria que passados quase 30 anos a Ilha se transformaria num local onde a história e a cultura fossem tão desprezadas pela elite. Aliás, talvez, a pior elite do mundo.

Charles Baudelaire tem o conceito de progresso que mais partilho. Progresso não é prédio, nem carro ou estrada. Só haverá progresso quando tiver sido apagado o ultimo traço do que convenciona-se chamar “pecado original”. O problema todo é que a elite local não se dá o luxo de ler poetas, e, por isso, jogou na lata do lixo sua própria história.

Mas acredito que o melhor lugar do mundo pra se morar é onde estão meus amigos. Não que não os tenha em outras cidades. Mas aqui, por ter sido o burgo no qual mais tempo dormi, sonhei, amei, onde nasceu minha filha, é ainda o maior celeiro de amigos que tenho. E só por isso que insisto em ficar. Não é pelas praias poluídas, pelo trânsito insuportável, pela violência crescente, pelo pior sistema de transporte público do mundo, pela cafonice, não é por esta ausência de políticas públicas públicas de verdade, não é pela arquitetura medonha, nem pela falta de saneamento básico, também não é pelo vento sul, muitas vezes chato, não, é só pelo tanto de amigos que tenho.

E brigo pra acabar de vez com essa mania burra de chamarem a Ilha de Ilha da Magia. Nada se resolve com magia. Magia nem existe. Sonho com o dia em que possamos chamar a Ilha de Nossa Senhora dos Aterros de Ilha da Razão.

* A fotografia que ilustra este post está no excelente 25 perguntas com ele.

1 comentário

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  • clarice disse:

    OI,FABIO,CONHECI TEUS ESCRITOS NO JORNAL HÁ ALGUM TEMPO ATRAZ E GUARDEI POIS ERA A PRIMEIRA VEZ QUE LIA ALGOTÃO FORMIDÁVEL NUM JORNAL AO QUAL NÃO COMPRO,MAS PEDIA QUE GUARDASSEM PARA MIM RECORTAR TUA PÁGINA.ESTAVA VINTE ANOS SEM ESTUDO FORMAL E RESOLVI VOLTAR ,POIS TUA FORMA DE SENTIR E VER AS QUESTÕES POLITICO SOCIAL ME INCENTIVOU.OBRIGADO POR ESCREVERES E POR EXISTIRES.SEMPRE LI BASTANTE E ACREDITO QUE TENHA TE CONHECIDO EM ALGUM MOMENTO DE VIVENCIA NESSA HOJE FLORIÁNOPOLIS.

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